Para uma análise sem divã
Atendimentos psicanalíticos on-line em época de pandemia e distanciamento social.
Alguns psicanalistas e analisantes no inicio da pandemia tiveram algum reparo com relação a continuar o trabalho analítico on-line. E na verdade acho até razoável. Ao final é a primeira vez que nos deparamos com isto na história da psicanálise. Alguns questionaram a questão do set de análise, algo que se questiona desde a época de Freud. Uns são fieis ao divão, outros entendem que o trabalho analítico está aquém e além do divã. Outros questionaram o lugar dos corpos, do corpo do analista e do analisante no encontro do espaço da análise, algo que é elaborado topologicamente e decide boa parte do encaminhamento analítico.
Há mais duas questões que devem ser repensadas para uma análise sem divã: a voz e o olhar. Isto é, a pulsão invocante e a escopofílica na sessão de análise.
A voz, sabemos, é uma pulsão que faz laço, estabelece uma relação com o objeto que contorna. O analista faz função de objeto para o analisante em posição de sujeito de uma fala. Esta cena opera, evidentemente, de modo diferente no espaço físico e no espaço virtual. Talvez seja preciso repensar em cada caso como articula o Real, o Simbólico e o Imaginário nessa fala do analisante que se dirige ao analista, mas retorna de modo invertido e provocando corte que pode desencadear angustia.
Comentários
Postar um comentário