Melancolia


Na melancolia o sujeito não logra retirar a libido do objeto perdido. O sujeito não se separa do objeto produzindo e sustentando uma identificação narcísica: “A sombra do objeto abate-se assim sobre o ego que pode então ser julgado por uma instância particular como um objeto, como o objeto abandonado. Dessa maneira, a perda do objeto se transformou em uma perda do ego, e o conflito entre o ego e a pessoa amada em uma cisão entre a crítica do ego e o ego modificado por identificação”  (Freud, Luto e Melancolia (1917), 2016). O ego se confunde com o objeto perdido e uma parte do ego se opõe a outra.
O sujeito em estado de depressão manifesta um forte impulso autodestrutivo. Freud entende que a relação de ambivalência afetiva (de amor e ódio) que nos vincula ao objeto oscila para o ódio e como se produz a identificação com o objeto no próprio ego então o ódio direcionado para o objeto recai no próprio ego, assim, amar o objeto é ser o objeto e sendo o objeto (perdido) se torna o alvo do ódio.
Freud entende também que a libido regride a uma fase oral ou canibalesca onde o sujeito incorpora o objeto na devoração do mesmo. Abraham é a referência imprescindível. A autopunição, a autoagressão é um modo de manifestar o ódio ao objeto perdido que não pode ser abandonado. Em 1920 em Introdução ao conflito entre pulsão de vida e pulsão de morte Freud nos dará elementos para entender a melancolia como uma luta entre ambas pulsões. Em 1923 em Id e Eu a consciência moral ou a voz da consciência aparece como uma verdadeira instância psíquica. Assim, o superego, que exerce uma função reguladora das pulsões, aparece com um sadismo excessivo em relação ao Eu. Melanie Klein (1996) em Uma contribuição à psicogênese dos estados maníaco-depressivos (1935) avançará na ideia de uma teoria de estados maníaco-depressivos em relação com a melancolia. Klein introduz a noção de reparação normal e patológica, a normal restauraria o objeto danificado e a patológica negaria os sentimentos depressivos ou tentaria eliminar magicamente a angústia depressiva.

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