Entre as palavras tramam os afetos
Lacan fala: “Que é a angústia? Afastamos a ideia de que seja
uma emoção. Para introduzi-la direi que ela é um afeto.” (Lacan, 23, 2005) Lacan volta a nos recordar
junto com Freud que o afeto não é recalcado. “Ele se desprende, fica à deriva.
Podemos encontrá-lo deslocado, enlouquecido, invertido, metabolizado, mas ele
não é recalacado. O que é recalcado são os significantes que o amarram” (Lacan, 23, 2005). Isso Freud já tinha nos
mostrado no seu texto metapsicológico O
Inconsciente de 1915. Mas citando o livro II da Retórica de Aristóteles, onde o filósofo trata das paixões, afirma
que “O que há de melhor sobre as paixões está preso na malha, na rede da
retórica” (Lacan, 23, 2005). É no
entramado dos significantes que aparece a angustia. Uma teoria lacaniana dos
afetos não poderia ser pensada sem a relação significante. Aqui Lacan retoma o
espírito do estagirita.
Lacan, J. (2005). O Seminário 10 A Angustia.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.
Comentários
Postar um comentário