A história universal como história de umas poucas metáforas
Em "La esfera de Pascal" Jorge Luis Borges procura mostrar que todo o percurso da história do pensamento ocidental pode ser apresentado como uma história composta por umas poucas metáforas. Ele transita por alguns textos buscando explicitar a questão através da metáfora da esfera eterna. É com Xenófanes de Colofón, século VI a.C., que Borges inicia sua reflexão sobre a metáfora do Deus único a partir do pensamento da esfera. Xenófanes foi aquele que fustigou aos poetas que atribuíam carácter antropomórfico aos dioses propondo um só Deus. Através do Timeu de Platão é que Xenófanes obteve a caracterização da esfera como "la figura mas perfecta y mas uniforme, porque todos los puntos de su superficie equidistan del centro". Assim, ele teria representado a unidade absoluta através das características da esfera, ou seja, de um Deus esferóide. Em outro escrito antigo, o de Parmênides, é declarado que "el ser es semejante a la masa de una esfera bien redonda, cuya fuerza es constante desde el centro en cualquier dirección".
Segundo os comentadores Calogero e Mondolfo (historiadores da filosofia ocidental) –comenta Borges-, Parmênides intuyó una esfera infinita o infinitamente creciente concecendo um sentido dinâmico a essa esfera inaudita. Também na cosmogonia de Empédocles encontramos que "las partículas de tierra, de água, de aire y de fuego integran una esfera sin fin, o Sphairos redondo". Nos livros herméticos desde o Corpus Hermeticum até o teólogo Alain de Lille encontramos que: "Dios es una esfera ininteligible, cuyo centro está em todas partes y su circunferencia en ninguna". Para os medievais o sentido dessa figura era evidente: Deus está em cada uma das suas criaturas, porém nenhuma o limita. Posteriormente, Giordano Bruno inferiu, em defesa do mundo copernicano, que: podemos afirmar com certeza que "el universo es todo centro, o que el centro Del universo está em todas partes y su circunferencia en ninguna". Essa colocação ocorre em defesa do questionamento sobre a necessidade do sistema ptoloméico que é composto por esferas concêntricas. Entretanto, para Pascal também existe: "una esfera espantosa, cuyo centro está en todas partes y su circunferencia en ninguna".
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