Rosine Lefort e a clínica em torno da questão do autismo

 

Rosine Lefort e a clínica em torno da questão do autismo

 

Daniel Omar Perez

No ano de 1953 Jaques Lacan (1901-1980) inaugura formal e explicitamente o que denominou de seu ensino que, passando por vários períodos e mudanças, durou até sua morte. Para a oportunidade, no seu primeiro seminário “Os escritos técnicos de Freud” Lacan convidou a Rosine Lefort (1920-2007) com o objetivo de falar da função imaginária do eu. Rosine era casada com Robert Lefort. Também médico psiquiatra e psicanalista. Ambos trabalharam desde cedo em psicanálise com crianças e foram fundadores da orientação lacaniana.

Na ocasião do seminário Rosine Lefort apresentou um caso, uma criança de orfanato de três anos e nove meses. O diagnóstico era de psicose, o trabalho foi desenvolvido durante um ano, interrompido pelo nascimento do filho de Rosine Lefort, continuado por Robert Lefort e mais tarde retomado por Rosine Lefort. Robert, a criança em questão, era filha de pai desconhecido e sua mãe era diagnosticada de paranoia. Suas dificuldades não lhe permitiam manter os cuidados fundamentais do filho a quem se esquecia de alimentar. Assim, foi hospitalizado por desnutrição com 5 meses de idade. Teve uma intervenção maxilar sem anestesia. Até o momento do encontro com Rosine Lefort, o Robert tinha passado por 25 lugares de residência. Seus movimentos eram pendulares, tinha dificuldades motoras, não lograva segurar os objetos com facilidade, usava fraldas, não tinha coordenação na fala, os gritos eram frequentes, igualmente que os sons guturais. As palavras que pronunciava eram “madame” e “o lobo”.

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