Grupo de Investigações Psicanalíticas
Grupo de Investigações Psicanalíticas
Resultados esperados:
1.
Resultados de projetos de pesquisa individual e
coletiva em diferentes níveis (grad. Pós e pesquisa acad.)
2.
Eventos para intercâmbio de resultados
3.
Cursos e grupos de estudos para formação de
pesquisadores
4.
Publicações
5.
Atendimentos específicos.
Dos membros: fazem parte do (GIP) os coordenadores e os
colegas e estudantes que tenham um projeto de pesquisa aceito pelo (GIP) coordenação.
Dos colaboradores: serão considerados colaboradores os que
participarem regularmente dos grupos de pesquisa e cursos, se assim o
solicitarem.
Atividades:
1.
Grupos de estudo.
2.
Trabalho de extensão: 2.1. curso de introdução à
psicanálise; 2.2. Atendimento a pessoas e familiares com diagnóstico de autismo
e sofrimento psíquico.
3.
Projetos de pesquisa: 3.1. A constituição do
sujeito em relação com o significante “autismo”. 3.2. Identificações
individuais e Coletivas. 3.3. Saúde mental psicanálise. 3.4. Clínica pública e
psicanálise
O espectro de fenômenos que se nomeiam
sob a categoria de autismo é suficientemente amplo e variado ao ponto que
subsome casos extremamente divergentes. Também se apresentam desenvolvimentos de
diferentes propostas terapêuticas. Assim, encontramos desde situações pessoas
com dificuldades motrizes e cognitivas graves até indivíduos com vida social e
familiar. Com relação às experiências terapêuticas podem se constatar desde
situações com mínimo de mudança até situações de mudança radical. Tais pontos
de partida são muito variados quanto a capacidades, disposições e condições
circunstanciais de vida familiar e social.
Até o momento esse universo amplo não
tem um marcador biológico comum. Condutas autistas não identificadas em
mamíferos seria uma prova de inexistência de marcadores biológicos do autismo
em seres humanos. Também não há algoritmo para decidir a priori nem a favor nem
contra a possibilidade de um diagnóstico de autismo.
Assim sendo, entendemos que o autismo é um conceito geral
(espectro) com projetos terapêuticos particulares.
Sobre os elementos gerais dos tratamentos
Os Tratamentos levados adiante com
pessoas diagnosticadas de autismo se propões bem estar físico (acompanhamento
médico) e projeto terapêutico-pedagógico particular.
·
O bem estar físico elimina fatores que indispõem o
sujeito em relação com ele mesmo, com os objetos e com os outros.
·
O acolhimento da diferença na família e na
sociedade contribui para favorecer a abertura e o laço com o mundo externo, os
objetos e as pessoas.
·
O trabalho terapêutico não pode ser impositivo, nem
ficar na lógica do prêmio e do castigo. Deve ser lúdico com o objetivo de poder
reconhecer o corpo próprio, o mundo externo, a troca e a perda, o corpo do
outro semelhante. Isso é condição de possibilidade de autonomia relativa e laço
social.
Por
que autonomia relativa e laço social? Por que isso diminui o sofrimento do
diagnosticado. Dessa forma passamos do mal-estar ao mínimo de prazer em relação
com o outro, na forma de laço e não de autoerotismo como Gozo sem laço
(Freud-Lacan).
Não
existe critério a priori que permita decidir qual será o resultado do
tratamento. Pode haver condições favoráveis ou desfavoráveis, mas nenhuma
garante uma consequência necessária. Porém, é trivial dizer que em condições
favoráveis o mal-estar do diagnosticado diminui relativamente. Em condições
desfavoráveis tudo poderia ser pior.
O
trabalho terapêutico não pode ser padrão porque não há padrão nos casos. Deve
haver um projeto terapêutico específico. Isso não significa que o trabalho
sempre deve ser individual. Muito pelo contrário, o grupo favorece o laço.
Trata-se de ampliar o horizonte de
sentido, o contexto e não aperfeiçoar uma habilidade. Para isso se favorecem
atividades que propiciem
·
Imagem de um corpo unificado (Imaginário).
·
Inscrição do corpo no discurso (Simbólico).
·
Relação interior-exterior (eu-outro).
·
Pragmática da enunciação e dos enunciados (Significante).
·
Reconhecimento de códigos sociais e culturais
(imaginário).
·
Estratégias de socialização e recolhimento
(imaginário).
·
Trabalho de autoconsciência (reconhecimento do seu
corpo) e das limitações do outro semelhante. Castração própria e alheia. (Simbólico).
·
Criar as condições de possibilidade para favorecer
aquilo que é sintomático e fazer disso um saber-fazer.
Em
todos os casos trabalhar a partir daquilo que o diagnosticado traz (desde seu
sintoma: ecolalia, estereotipia, mania) e acolher isso como oferta para um
possível laço, sem esperar nunca a resposta “certa” de uma demanda histérica do
lado do terapeuta. A função de corte, de limite deve sempre ir junto com a
possibilidade de substituição. Passar do proibido/permitido ao
limite/substituição.
Sobre o grupo de trabalho
O
grupo de trabalho será composto por alunos e professores de diferentes áreas,
tais como: filosofia, linguística, psicologia, música, dança, educação física,
pedagogia, enfermagem e fonoaudiologia. O trabalho deve ser articulado em forma
de projeto terapêutico singular, não sendo compartimentalizado senão articulado
no diálogo entre os profissionais.
Deve-se
trabalhar supondo um sujeito capaz de fazer laço com os objetos e com os outros
e não uma anomalia específica ou disfunção a ser normatizada.
A
família deve ter acompanhamento terapêutico e orientação médica, terapêutica e
pedagógica.
Os
profissionais que trabalham em instituições com autistas não podem
trabalhar mais de 6 horas e devem ter acompanhamento terapêutico, capacitação
constante e encontros para articular as propostas de trabalho em cada caso.
A
tensão, o stress e o mal-estar da família e dos profissionais prejudica todo o
trabalho com o diagnosticado, por isso também deve existir um planejamento de
trabalho que diminua a tensão.
As
instituições de tratamento devem ter espaço para atividades lúdicas e
esportivas e, especificamente, ambiente natural onde caminhar e correr
livremente.
Os
exercícios físicos, os jogos com o corpo, a livre caminhada e corrida favorecem
o reconhecimento de um corpo próprio e a diminuição de tensão na infância e na
adolescência. A dança, o teatro, a piscina contribuem com a imagem corporal e a
psicomotricidade.
Deve-se
propiciar a “inclusão social” com atividades além da casa e da instituição de
tratamento. Não se trata simplesmente de “por” o sujeito no meio de qualquer
lugar, mas de fazer um lugar para ele em relação com algo outro fora da rotina:
Passeios, visitas a lugares de cultura e entretenimento, brincadeiras com
animais, etc.
Considerações sociais sobre o fenômeno do autismo
O
termo autismo tem produzido o efeito de invisibilização do sujeito ou o tem transformado
em mercadoria, o autista é excluído ou transformado em cliente (é objeto de
matéria jornalística, é cliente de médicos e terapeutas, cliente de “políticas
ou propostas inclusivas”). O mesmo fenômeno que permite “dar voz” e fazer
aparecer um individuo com diagnóstico invisibiliza o sujeito em questão é o
objetiva em mercadoria e cliente, inclui num sistema de produção e consumo. No
entanto, o autismo como fenômeno nos oferece a oportunidade de nos demorar com
relação a modos de ser, entre nós, dentro das sociedades urbanas de massas,
diferentes, não normatizados para a produção e o consumo a ritmo regular. Dar
lugar àquilo que se nomeia de autista,
oferece a oportunidade de refazer as exigências das nossas próprias
demandas em relação com o outro, na vida cotidiana e nas instituições.
Metodologia de trabalho
Trabalho lúdico-terapêutico-pedagógico,
de caráter transdisciplinar. O trabalho é direcionado para pessoas com
diagnóstico de autismo e a seus familiares.
Atividades diárias realizadas a partir
de um tema gerador, a ser escolhido conjuntamente a partir de uma primeira
experiência. O planejamento semanal, mensal e semestral deve ser realizado
coletivamente com os membros do grupo.
Uma vez por semana, encontro de todos
os profissionais para discussão de casos e propostas pedagógicas.
Atividade |
|
segunda-feira |
terça-feira |
quarta-feira |
quinta-feira |
sexta-feira |
pedagógica |
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Terapêutica |
|
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Lúdico-recreativa |
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