Filosofia sem ontologia
A larga banda de fenomenologias (ou pelo menos um recorte delas), desde Husserl até Jean Luc Marion, compartilha com a filosofia analítica (também em sentido largo, muito largo mesmo) desde Carnap até Kripke, a raiz kantiana num ponto decisivo: fazer filosofia sem ontologia fundamental.
Quando escrevi "Kant e o probema da significação" mostrei que é possível pensar campos semânticos onde as categorias não fossem predicados ontológicos e sim regras de determinação dos objetos. Desta forma, sujeito e objeto só aparecem e fazem sentido dentro daqueles campos.
Quando escrevi "Ontologia sem espelhos" com meus colegas a ideia era mostrar o fracasso de uma teoria última sobre uma realidade última.
A ontologia não pode ser mais fundamental senão apenas regional, derivada de dominios ou campos semânticos. A tarefa da filosofia é se perguntar pelas condições de possibilidade. O único modo possível de conservar a palavra "ontologia" é a partir de um significado análogo ao usado em computação.
A ontologia não pode ser mais fundamental senão apenas regional, derivada de dominios ou campos semânticos. A tarefa da filosofia é se perguntar pelas condições de possibilidade. O único modo possível de conservar a palavra "ontologia" é a partir de um significado análogo ao usado em computação.
A análise das condições de possibilidade de um enunciado se resolve a partir da análise dos ingredientes, das regras lógico-semânticas e da construção do executor das regras logico-semânticas, isso me oferece o dominio no qual certas proposições podem fazer sentido e certos objetos podem vir a aparecer. Dai podemos falar de uma teoria dos objetos e de algo como um sujeito de uma experiência cognitiva, ética, estética etc em cada caso. Não se postula uma realidade última ou uma ontologia fundamental ou qualquer ciência do ser. Trata-se de dominios de objetos e de experiências em relação com esses objetos. Quando vc muda o quadro categorial, muda o tipo de objeto. Assim, como as categorias da física clássica produzem um tipo de objeto com Newton, mas quando vc muda as categorias na mecânica quântica muda também o tipo de objeto. Entre um e outro não há uma ontologia fundamental
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