O REAL NA FILOSOFIA DE KANT
A seguinte passagem mostra que na filosofia kantiana não se trata de uma mera relação de oposição sensível / supra-sensível, como muitas vezes por preguiça se pretende reduzir a Kant e a toda a história da filosofia.
As ideias e os sentidos não esgotam todo o campo. Kant faz menção de um algo (Etwas) que pode ser interpretado como o Real em torno do qual os sentidos e as ideias articulam o conhecimento.
"Daí que o resultado seja o seguinte: não é pura e simplesmente possível para a razão humana qualquer demonstração num sentido teórico, de forma a produzir, mesmo que seja o menor grau de adesão, relativamente à existência do ser original, como ser divino, ou alma, enquanto espírito imortal. Tal acontece por razões perfeitamente compreensíveis: porque para a determinação das ideias supra-sensíveis não existe para nós absolutamente nenhuma matéria, na medida em que teríamos que retirá-las das coisas do mundo dos sentidos. Porém uma tal matéria não é de modo nenhum adequada a tal objeto e por isso sem qualquer determinação da mesma nada mais resta do que o conceito de um algo não sensível que contém o fundamento último do mundo dos sentidos, não constituindo ainda aquele conceito qualquer conhecimento (enquanto alargamento do conceito de sua constituição)."
(Immanuel Kant, Crítica da faculdade de julgar, 453. Tradução Valerio Rohden)
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